theatre-contemporain.net artcena.fr

Accueil de « Eu estava em minha casa e esperava que a chuva chegasse »

Eu estava em minha casa e esperava que a chuva chegasse

+ d'infos sur le texte de Jean-Luc Lagarce traduit par Maria Clara Ferrer
mise en scène Marcelo Lazzaratto

: Apresentação

A PEÇA


Trazer à cena Eu estava em minha casa e esperava que a chuva chegasse, propiciará ao público brasileiro um diálogo com Jean Luc Lagarce, autorn francês do final do século XX, ainda pouco conhecido no território nacional, que hoje em dia se tornou o mais representado na Europa devido à temática abordada em suas peças e principalmente pela investigação de linguagem teatral por ele proposta.


Em suas peças, o uso sistemático e aleatório dos fluxos de pensamento, memória e imaginação criativa, servem como contraponto a uma realidade que a cada dia faz com que as personagens se sintam mais solitárias e presas nos próprios processos mentais de significação, fazendo da dramaturgia de Lagarce algo único, genuíno, tão próprio, sem é claro, deixar de manifestar suas influências, um legítimo descendente de Samuel Beckett e Ionesco.


Enveredar nos intrincados caminhos que a mente de seus personagens revelam a cada frase pronunciada, faz com que a Cia. Elevador de Teatro Panorâmico estabeleça e amplie sua pesquisa em linguagem teatral, que tem como objetivo central, estabelecer uma profunda interlocução com o homem contemporâneo, levando em conta as diversas formas de processamento artístico de que ele é capaz de absorver e criar.


Dando continuidade à investigação sobre a linguagem cênica que a Cia. Elevador de Teatro Panorâmico desenvolve há seis anos, escolhemos como nova peça a ser montada Eu estava em minha casa e esperava que a chuva chegasse, de Jean Luc Lagarce.
Nos espetáculos anteriores da Cia., A hora em que não sabíamos nada uns dos outros, de Peter Handke e Amor de Improviso, espetáculo improvisacional com textos de diversos autores, sistematizamos e fundamentamos uma nova linguagem a partir do exercício de improvisação Campo de Visão, objeto de pesquisa de mestrado que o diretor Marcelo Lazzaratto desenvolveu na Universidade de Campinas.
Além disso, no processo de criação desses espetáculos, a Cia. começa a se deparar e a transitar pelo território da intimidade do ator como fonte fundamental para manifestação da criatividade. Para transformar e para acessar esses materiais internos e transformá-los em ação criativa, começamos a investigar as questões da Memória Individual e do Inconsciente Coletivo proposto por Carl G. Jung. Buscamos compreender como que essas duas instâncias da memória dialogam no exato instante em que o ator seleciona uma imagem e/ou um conceito, advindos dessas regiões potenciais e se tornam ações objetivas pertinentes à realidade da cena que se desenvolve naquele momento do improviso.


Nossa pesquisa, então, segue por esse caminho: se antes nos interessava trabalhar em busca do domínio da linguagem cênica tendo a Improvisação como melhor meio para compreender a relação existente entre ator e a cena propriamente dita, e para isso exercitamos, desenvolvemos e sistematizamos o Campo de Visão durante cinco anos, agora, voltaremos nossos olhos para a interioridade do ator, em busca da sua grande intimidade criativa, seu poder de imaginar. Compreender como se dá o transporte entre aquilo que foi imaginado e sua devida exteriorização em ação cênica.


Para isso se faz necessária a obtenção de outras técnicas de interpretação já codificadas, que, por assim serem, oferecerão novos alicerces para a construção dessa ponte imaginária por onde se transubstancia o material poético subjetivo em material poético objetivo.
Assim, precisávamos, para melhor fundamentar nossa investigação, de um material dramatúrgico que trouxesse, em sua estrutura, as questões da memória e da imaginação criativa, assim como, para o ator, sua criação, no instante da sua execução, é o que de mais real podemos perceber, uma vez que, no teatro, a relação aqui-agora, espaço-tempo, presentifica o instante. E isso encontramos na dramaturgia de Lagarce.



A ENCENAÇÃO


A encenação de Eu estava em minha casa e espera que a chuva chegasse terá como objetivo central o trabalho do ator. Como na estrutura do texto de Lagarce o que vemos são personagens que criam incessantemente para com isso sentirem-se vivas, essa montagem conduzirá os atores por procedimentos parecidos com os dos personagens.
A imaginação será o foco central desse processo de construção. O material subjetivo investigado e destilado em forma cênica, é dependente da experiência acumulada pelo ator em sua vida, tanto profissional quanto pessoal. Para isso é de suma importância trazer à cena atrizes que além de se adequarem à idade dos personagens tragam em seus corpos poéticos marcas profundas de uma existência repleta de vivência emocionalcriativa. Por isso, convidamos a grande atriz Laura Cardoso para interpretar o papel da Avó e Grácia Navarro para interpretar o papel da Mãe. As filhas serão interpretadas pelas atrizes da Companhia.


Os adereços e os objetos dessa casa também serão imaginários. Um espaço vazio preenchido pelas imagens e sensações advindas das palavras rigorosamente trabalhadas por Lagarce. Palavras encadeadas vertiginosamente pelas personagens, construindo e reconstruindo significações na tentativa de não deixar nenhuma dúvida sobre a “realidade” que constroem em suas cabeças. De concreto apenas a imaginação e as paredes, portas e janelas que formarão os lados de cubos cenográficos que servirão como “mesas”, “cadeiras” e “tanques” estilizados que formarão a cenografia do espetáculo.
As ações cotidianas dessas cinco mulheres que esperam por melhores dias: lavar e estender a roupa no varal, a escolha do feijão, o varrer a casa, o arrumar a cama, o cerzir, o ler, tudo será construído através de ações com objetos não concretos, utilizando como ingrediente técnico recursos da Mímica Corporal Dramática desenvolvido por Etienne Decroux.


Por outro lado, a sustentação interior, o espaço da intimidade pessoal que precisa se tornar criativa, será articulado pela construção de memórias a partir de exercícios improvisacionais que derivam da técnica Campo de Visão desenvolvidos pela Cia. Elevador de Teatro Panorâmico em toda sua trajetória.

Marcelo Lazzaratto

imprimer en PDF - Télécharger en PDF

Ces fonctionnalités sont réservées aux abonnés
Déjà abonné, Je me connecte Voir un exemple Je m'abonne

Ces documents sont à votre disposition pour un usage privé.
Si vous souhaitez utiliser des contenus, vous devez prendre contact avec la structure ou l'auteur qui a mis à disposition le document pour en vérifier les conditions d'utilisation.