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Couverture de Apenas o fim do Mundo

Apenas o fim do Mundo

de Jean-Luc Lagarce

Texte original : Juste la fin du monde traduit par Giovana Soar

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Apenas o fim do Mundo : Extraia 3: Início do intermédio

Apenas o fim do mundo, p. 79-82

Cena 1


LUIZ – É como a noite em pleno dia, não vemos nada, eu ouço apenas os barulhos, eu escuto, eu estou perdido e não encontro ninguém.


A MÃE – O que foi que você disse?
Eu não ouvi, repete,
onde você está?
Luiz!



Cena 2


SUZANA – Você e eu.


ANTONIO – O que você quiser.


SUZANA – Eu te ouvia, você estava gritando,
não, eu achei que você estava gritando,
eu achava que te ouvia,
eu te procurava,
vocês estavam brigando, vocês se reencontraram.


ANTONIO – Eu fiquei nervoso, nós ficamos nervosos,
não imaginei que fosse ser assim,
mas «de costume», nos outros dias,
nós não somos assim,
nós não éramos assim, acho que não.


SUZANA – Nem sempre assim.
Nos outros dias, cada um vai para seu lado,
a gente nem se esbarra.


ANTONIO – Nós nos entendemos.


SUZANA – É o amor.



Cena 3


LUIZ – E depois, no meu sonho também,
todos os cômodos da casa ficavam longe uns dos outros,
e nunca eu conseguia chegar neles,
era preciso caminhar durante horas e eu não reconhecia nada.


Voz da mãe:
Luiz!


LUIZ – E para não ter medo, como quando eu caminho durante a noite, eu sou criança,
e eu tenho agora que voltar depressa,
eu repito isto para mim mesmo,
ou então eu canto para ouvir apenas o som da minha voz,
e nada mais do que isso,
eu canto que de agora em diante,
o pior de tudo,
«sei muito bem,
o pior de tudo
seria eu estar apaixonado,
o pior de tudo
seria eu querer esperar um pouco,
o pior de tudo....»



Cena 4


SUZANA – O que eu não entendo.


ANTONIO – Eu também não.


SUZANA – Você ri? Eu nunca te vejo rir.


ANTONIO – O que nós não entendemos.


Voz de Catarina:
Antonio!


SUZANA, gritando. – Sim?
O que eu não entendo nem nunca entendi.


ANTONIO – E é pouco provável que eu não entenda um dia


SUZANA – Que eu entenda um dia.


Voz da mãe:
Luiz!


SUZANA, gritando. – Sim? Estamos aqui!


ANTONIO – O que você não entende...


SUZANA – Não é assim tão longe, ele podia ter vindo nos visitar mais vezes,
e também não é nada tão trágico,
sem dramas, traições,
é isso que eu não entendo,
ou não posso entender.


ANTONIO - «Assim.»
Não há outra explicação, nada mais.
Foi sempre assim, desejável,
não sei se a gente pode chamar assim,
desejável e longínquo,
distante, nada se presta melhor para esta situação.
Ir embora e nunca ter sentido falta ou a simples necessidade.


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