: “Partilha das vozes”
“Confessar uma única vez, a primeira, e não repetir mais.” Talvez seja este o segredo da escrita de Jean-Luc Lagarce. Na verdade, as suas personagens não se repetem, não se corrigem, precisam e avançam. Infinitamente, se for necessário. Secretamente, quando a escrita se inventa no diálogo subterrâneo da partilha das vozes. Generosamente, quando finalmente se reinventa na tão necessária escuta silenciosa. As situações clássicas (familiares, sociais, quotidianas) são tratadas com a lucidez que só a distância do humor permite. O vocabulário é simples, acessível, justo, mas a sintaxe é permanentemente transgredida – efeito do transbordamento da escrita pela oralidade, que introduz a fragilidade da vida na existência poética das personagens. Engana-se aquele que pensa que Jean-Luc Lagarce escrevia sempre a mesma história. “Escrever … é contar uma história e a ausência dessa história.” (Marguerite Duras)
ALEXANDRA MOREIRA DA SILVA
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